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sexta-feira, 27 de abril de 2007

Zelo

(André Lopes)

Me zele em suas delicias

Me vele nos seus sonhos

Pra acordar de mala pronta

Disposto a pegar o último trem

Que vai por aí escandalizando seu nome

No meio do mato e das nuvens

Até pressentir a doce chegada

E o preço vazio de voltar pra casa

E começar tudo dinovo

Sou da estirpe dos vagabundos

Que passeia docemente a língua

No seu corpo como a procura de vendavais

Sou da Lua a metade menos visível

A do brilho mais embriagado

Que acena preocupado aos corações

Mais zangados e menos primaveris.

Prefiro o trem e a mala pronta, o café

Esquentando, o chuveiro aberto, a água caindo

Aquecendo a suave esperança, de que ainda existo

E vou abrir a janela e dizer bom dia

Desapareço antes do galo cantar

Deixo meu cheiro, uma dose de conhaque

E uma canção.

Tenho os pés da alma bambos de tanto ficar em mim

Vais acordar e não me ver, vais pensar e não sentir

E com voz despreocupada e o coração já bem antártico

Vais enxugar as lágrimas na camisa que eu deixei.

Um comentário:

Luiz Fernando disse...

Sensacional chapoca. Inspiradíssimo! Continue nos presenteando com outros desses!