Zelo
(André Lopes)
Me zele em suas delicias
Me vele nos seus sonhos
Pra acordar de mala pronta
Disposto a pegar o último trem
Que vai por aí escandalizando seu nome
No meio do mato e das nuvens
Até pressentir a doce chegada
E o preço vazio de voltar pra casa
E começar tudo dinovo
Sou da estirpe dos vagabundos
Que passeia docemente a língua
No seu corpo como a procura de vendavais
Sou da Lua a metade menos visível
A do brilho mais embriagado
Que acena preocupado aos corações
Mais zangados e menos primaveris.
Prefiro o trem e a mala pronta, o café
Esquentando, o chuveiro aberto, a água caindo
Aquecendo a suave esperança, de que ainda existo
E vou abrir a janela e dizer bom dia
Desapareço antes do galo cantar
Deixo meu cheiro, uma dose de conhaque
E uma canção.
Tenho os pés da alma bambos de tanto ficar em mim
Vais acordar e não me ver, vais pensar e não sentir
E com voz despreocupada e o coração já bem antártico
Vais enxugar as lágrimas na camisa que eu deixei.
Um comentário:
Sensacional chapoca. Inspiradíssimo! Continue nos presenteando com outros desses!
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