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domingo, 28 de março de 2010

Um caso de lealdade

Mulher boa é a dos outros!
Essa era a filosofia de Vieira, solteirão de 52 anos, sozinho no mundo e desempregado. Quando era mais jovem, até seus 30 anos, sua máxima se aplicava bem, pois versado na arte de explorar mulheres mais velhas sentia o drama de ser desprezado pelas mais jovens, não queria saber de mulher com mais de 30 anos.
O papo com as cocotes ia bem até a hora dele soltar o que fazia, tinha dificuldade de inventar uma desculpa e sempre largava que no momento estava sem ocupação. Vieira viva de bico, vendia uma coisa aqui oura ali, menos tóxico.
Numa tarde qualquer ele reencontrou um antigo rolo seu, Sofia, na casa dos sessenta e poucos. Desembargadora aposentada pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Na época Vieira com seus vinte e poucos anos ouviu falar das coroas vadias que trabalhavam lá e que viviam dando pros estagiários e em alguns casos até mesmo debaixo das barbas dos maridos. Animado com o risco ele cavou essa mina por meio de um amigo seu estagiário de lá.
Sofia naqueles tempos tinha escorraçado o marido de casa e colocado Vieira no lugar dele, ficaram juntos quase um ano. Em solidariedade os filhos foram embora com os pais, dois rapazes um de quinze e ou outro de doze. O mais velho não deixava a mãe em paz e constantemente ameaçava os pombinhos. O que forçou a saída de Vieira de cena e a entrada da solidão pra dividir o leito com Sofia. Na saída Vieira levou algumas jóias e uma boa quantia de dinheiro e fugiu do Estado.
No reencontro Vieira sem cor gaguejou o nome do ex-amor.
- So so fi a... Perd...
A sua última palavra foi enterrada com três tiros na barriga. Apressada Sofia atravessou a rua e entrou num carro guiado pelo seu filho mais velho.

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